Bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha foram disparados contra manifestantes
Uma passeata pacífica contra o aumento da tarifa de ônibus acabou reprimida pela Polícia Militar na noite desta quarta-feira em Belo Horizonte, Minas Gerais. A passeata seguia pelo centro da cidade quando os manifestantes foram reprimidos pela PM com balas de borracha e bombas de efeito moral. Cerca de 30 pessoas ficaram feridas e ao todo e 58 foram presas.
As passagens de ônibus na capital de Minas Gerais subiram de R$ 3,10 para R$ 3,40 no último sábado (8). O aumento foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 31 de julho e valeria a partir do dia 4 de agosto. “Está já é a segunda vez que a tarifa aumenta em menos de 7 meses no Estado”, afirma o presidente da União Colegial de Minas Gerais (UCMG), Francisco Faria, detido durante o ato.
A manifestação foi organizada por meio das redes sociais, com início no fim da tarde na Praça Sete de Setembro e reunia cerca de mil manifestantes, que encontraram um bloqueio de militares na Avenida Afonso Pena, próximo à prefeitura. Ao desviar pela transversal, os manifestantes foram recebidos por outro cerco de policiais com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
O presidente UCMG afirma que a polícia agiu de maneira truculenta durante o protesto que seguia pacífico. “Os policias bloquearam as vias de passagem. Eu e mais alguns manifestantes corremos em direção a um hotel para se livrar da sensação que o gás lacrimogêneo causava, foi quando eles chegaram e agrediram a gente, inclusive deram um tapa no meu rosto. Logo em seguida me algemaram e levaram para a delegacia”, conta.
Na versão da PM, os manifestantes iniciaram um ataque contra os militares o que justificou a ação violenta da polícia, no entanto a versão é desmentida por vídeos e depoimentos. No vídeo abaixo é possível ver a ação da PM durante o ato:
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) vêm a público manifestar absoluto repúdio a atitude truculenta da polícia militar de Minas Gerais, que no dia 12 de agosto de 2015 prendeu e agrediu brutalmente jovens estudantes e trabalhadores na tentativa de impedir o exercício pleno de democracia.
Os manifestantes, em sua maioria são jovens estudantes que têm reivindicado pacificamente com marchas e interdições nas ruas do centro de Belo Horizonte, Minas Gerais. O motivo é a indignação contra o reajuste de R$ 3,10 para R$ 3,40 nas passagens de ônibus; aumento que ocorre pela segunda vez em sete meses no estado. O ativismo dos estudantes, que de forma legítima, representa para todo o país o cenário que vive a capital, e que terá todo o apoio da UBES para garantir sua atuação.
Não podemos permitir que a censura e a violação do governo, com sprays de pimenta, balas de borracha e tropas firam a liberdade de expressão de cada cidadão, como aconteceu no Brasil durante a ditadura militar. Vimos jovens indo para cadeia por exercerem seus direitos, direitos que cabem ao próprio Estado garantir. Porém, essa é a mesma juventude que lutou contra a repressão dos militares em tempos de censura; apesar de toda a pressão feita pela polícia militar, os jovens continuam à ir às ruas e a buscar o diálogo com a prefeitura do estado tentando garantir a qualidade e acesso do transporte junto à opinião de toda população mineira.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu uma nota de repúdio à violência empreendida pela Polícia Militar em que afirma que “com desproporcional uso da força, os militares atacaram com bombas e balas de borracha jovens e adolescentes, que seguiam em ato pacífico contra o aumento das passagens no transporte coletivo”. A entidade se colocou à disposição, com todo o suporte institucional e jurídico necessário, dos repórteres e demais profissionais de imprensa que tenham sido impedidos de exercer a sua função durante a manifestação.
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
União Colegial de Minas Gerais (UCMG)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
União Estadual dos Estudantes de Minas Gerais (UEE-MG)
Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais