De norte a sul do país, os profissionais da educação batalham contra retrocessos em seus direitos e por melhorias nas condições de trabalho
Em todo Brasil, os profissionais da educação estão organizados para reivindicar e impedir retrocessos em seus direitos. A greve acontece em dez estados do país, onde na maioria dos casos está vincula às redes estaduais de ensino. Desde o começo do ano letivo, o movimento de adesão à greve vem aumentando para pressionar os governos estaduais contra medidas de desvalorização da categoria.
Com demandas que vão desde a luta pelo piso salarial, à denúncia da superlotação de salas e cortes no fundo previdenciário, os professores dos Estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Pernambuco Paraíba e Piauí estão em greve. Nos municípios de Maceió (AL), Macapá (AP) e Betim (MG) também acontecem paralisações.
A agenda de mobilização tem contado com apoio dos estudantes em assembleias, debates, passeatas e ocupações. Acompanhe.
Professores da rede estadual de ensino do Paraná estão paralisados desde o dia 27 de abril, com adesão praticamente total da categoria. Os docentes protestam contra a aprovação de um projeto de lei que pretende alterar a previdência dos servidores estaduais. Os profissionais de ensino estão em greve pela segunda vez esse ano.
Nesta quarta-feira (29), os professores em greve foram atacados pelos policiais militares. Bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e balas de borracha foram disparadas contra os manifestantes. Mais de cem pessoas ficaram feridas. Desde ontem, mais de 200 professores estão acampados em frente a Assembleia Legislativa do Estado para impedir a votação do projeto de lei que irá cortar 125 milhões de reais na previdênciados servidores. Saiba mais.
A greve iniciada no dia 13 de março chega ao 49º dia com adesão de 59% da categoria, o equivalente a pelo menos 135.700 docentes da rede, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Os professores reivindicam reajuste salarial de 75,33%, melhores condições de trabalho e equiparação salarial com outras categorias profissionais que possuem o mesmo nível de formação.
Pela valorização dos professores, a UBES também divulgou o descaso do governo estadual, que no início do ano, fechou mais de 3 mil turmas, demitiu 5 mil professores e desencadeando o aumento da superlotação de classes. Acesse aqui e saiba mais.
Sem diálogo com a categoria, o governo Geraldo Alckmin (PSDB), disse ironicamente que não há greve em São Paulo, destacando que não vai reajustar salários. Em contrapartida, na sexta-feira, a juíza Luíza Barros Rozas, da 11ª Vara da Fazenda Pública, reconheceu a legalidade da greve e deferiu liminar em ação da Apeoesp.
Em nota, o sindicato rechaçou a postura do governador. “Os meios de comunicação já confirmaram in loco que a greve atinge a rede estadual de ensino em todas as regiões do estado e que o número de professores parados supera 50%, chegando em alguns momentos a 70% ou 75% da categoria. Por ordem do governo, muitas escolas tentam manter uma aparência de normalidade, mas não há atividade regular nas escolas estaduais”, diz o texto.
Na próxima quinta-feira (30/04), uma nova assembleia marcada para acontecer no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) dará continuidade às atividades.
No estado catarinense, cerca de 12 mil professores incorporam a paralisação da rede estadual. Iniciada em 24 de março, o mote do movimento é pelo plano de carreira do magistério estadual e revogação da Medida Provisória 198/2015 que altera o salário dos professores temporários.
Com apoio dos estudantes, no Pará os professores entraram em greve no dia 25 de março, pelo pagamento do piso salarial que não ocorre desde janeiro de 2015. Bem como pedem ainda reajuste do vale-alimentação e melhorias, como a realização de obras de reforma e construção de mais escolas em Belém e no interior. Eles também estão insatisfeitos com a retirada da carga horária e redução salarial, além do não cumprimento do acordo de concurso público e plano de carreira unificado.
Em resposta, o governador Simão Jatene (PSDB) anunciou na última segunda-feira (27/04) que vai contratar professores temporários para substituir os grevistas.
Em greve desde o dia 10 de abril, os professores da rede estadual tem ido às ruas pelo Plano de Cargos e Carreira da categoria e pela abertura de diálogo com o governo estadual. Problemas como corte salarial, afastamento de professor de escola integral e demissão de contratados tem mobilizado os estudantes.
Durante ato que aconteceu no dia 23, em Garanhuns, o diretor da UBES em Pernambuco, Thiago Dantas, reafirmou o papel do movimento estudantil no processo de lutas que tem mobilizado todo estado. “Os estudantes secundaristas se juntaram à classe dos professores da rede estadual pra dizer que não vai admitir retrocesso na educação pernambucana. Fomos às ruas defender melhores salários, o ensino médio, que hoje não representa os anseios da juventude e para reivindicar a construção de novas escolas, pois o que se promete precisa ser cumprido!”, disse.
Os professores da Rede Estadual de Ensino da Paraíba decidiram, durante assembleia da categoria, no dia 31 de março, entrar em greve a partir. Cerca de 30 mil profissionais devem cruzar os braços em 806 escolas em todo o estado. A categoria reivindica um reajuste salarial de 13,01%, Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR) para os trabalhadores da educação, gratificação dos diretores escolares, eleições em toda as escolas do estado, piso na integralidade e redução da carga horária para 30 horas semanais. Saiba mais.
Os servidores da rede estadual de ensino do Piauí também decidiram entrar em greve no dia 24 de abril contra o reajuste de 9%. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Educação Básica Pública (SINTE), o aumento deve ser de 13%, pois há mais de quatro anos os profissionais não recebem nenhum reajuste, estando atualmente com os seus salários defasados.
Na capital do Amapá, a cidade de Macapá também está no mapa nacional de greve dos professores. Os educadores iniciaram a paralisação começou no dia 15, e tem como meta conquistar o reajuste de 13% no piso salarial da categoria.
Professores da rede municipal de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, iniciam greve por tempo indeterminado, a partir desta segunda-feira (28). A decisão foi definida em assembleia na última quinta-feira, após a prefeitura rejeitar a proposta de reajuste salarial e de benefícios, sem apresentar nenhuma negociação à categoria.
Em nota, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUte) questiona outros três projetos de lei propostos pela administração municipal, que pretendem reduzir contribuições ao Instituto de Previdência Social de Betim (Ipremb), o que afetaria diretamente o direito dos trabalhadores em casos de doença e aposentadoria.
No dia 22 de abril, o protesto que reuniu na Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed), centenas de trabalhadoras da educação, mães, pais e estudantes, deu a largada para o início da greve na rede municipal de ensino. O eixo central do movimento que unificou professores e servidores é a aplicação do piso salarial.
Suevelin Cinti, da Redação.